terça-feira, 18 de agosto de 2009

Helena Meirelles – a Dama da Viola

Instrumentista brasileira nascida em 13 de agosto de 1924 na Fazenda Jararaca, que ficava na Estrada Boiadeira, que liga Campo Grande ao porto 15 do Rio Paraná, divisa com o estado de São Paulo, Helena Meirelles é considerada a melhor violeira do mundo.

Filha do boiadeiro paraguaio Ovídio Pereira da Silva e da mato-grossense Ramona Vaz Meirelles, apesar de nascer e crescer em uma época em que a viola era um instrumento proibido às mulheres, seu mundo não existiria sem esse instrumento.

Cresceu rodeada de peões, comitivas e violeiros pantaneiros. Fascinada pelas violas caipiras, a família não permitia que aprendesse a tocar, o que acabou fazendo por conta própria, às escondidas.

Começou a surpreender desde jovem quando chegava e tocava até de graça em festas, bailes e bares de Mato Grosso do Sul e no interior oeste do Estado de São Paulo. Sua música seguiu os ritmos de sua região, com influências paraguaias, entre eles, o Chamamé, o Rasqueado e Polca.


Fugiu de casa aos 15 anos e teve o primeiro filho aos 17, de seu primeiro marido, com quem se casou por imposição dos pais, e com este teve mais dois filhos e juntos viveram apenas 8 anos, pois Helena abandonou o marido pouco tempo depois para juntar-se a um paraguaio que tocava violão e violino.

Resolvida a tocar viola em bares e farras, separou-se novamente, deixando a fazenda do avô paraguaio onde morava com o marido e os filhos dos dois casamentos com pais adotivos e ganhou a estrada, como ela própria dizia “fui para a zona”, até encontrar o terceiro marido, Constantino, com quem permaneceu casada até o fim de sua vida.

Em Santo Anastácio, perto da fronteira entre os dois Estados, trabalhou como prostituta e se apresentava com sua viola. Não sabia beber nem contar dinheiro, mas ficou famosa e, com 30 anos, passou a trabalhar também em Porto Epitácio.

Reconhecida pelos sul-mato-grossenses como expressão das raízes e da cultura da região, começou a ser divulgada fora de sua região, quando foi apresentada (1980) por Inezita Barroso no seu programa Mutirão, na rádio USP de São Paulo, tocando ao vivo e mostrando seu trabalho. Depois a mesma Inezita apresentou a violeira em seu programa de música caipira Viola, Minha Viola, na TV Cultura.

Na década seguinte (1992), teve nova oportunidade ao se apresentar ao lado de Inezita Barroso e da dupla Pena Branca e Xavantinho, no Teatro do SESC, em São Paulo. Depois dessas oportunidades, gravou uma fita, mas não recebeu atenção dos diversos meios de comunicação onde tentou a divulgação.

Aos 68 anos, Helena Meirelles subia pela primeira vez em um palco profissionalmente, ficando conhecida como a Dama da Viola.

Tudo havia começado quando seu sobrinho enviou para uma revista especializada norte-americana, uma fita com gravações feitas de maneira amadora.

Desta forma no ano seguinte, aos 69 anos, a revista estadunidense Guitar Player a escolheu como Instrumentista Revelação do Ano, com o Prêmio Spotlight (1993). Foi um extraordinário prêmio par quem injustamente antes não obtivera o merecido reconhecimento em seu país, talvez por puro preconceito contra sua arte.

Ela tocava também bandolim, rebeca e violão, mas foi com a viola que ela consagrou-se e revelou os encantos musicais de uma região de um país musical, dedicando a vida inteira ao som do mato e traduzindo a alma do pantaneiro.

Religiosa, apesar de não ter sido exatamente católica, a violeira era devota de Nossa Senhora Aparecida.

Aos 81 anos (2005), esteve internada na Santa Casa de Campo Grande, Estado do Mato Grosso do Sul, por dez dias com pneumonia crônica nos dois pulmões, recebeu alta e, dois dias depois, morreu em casa, vítima de uma parada cardiorrespiratória, tendo seu corpo sido velado no cemitério Parque das Paineiras, na Avenida Tamandaré.

Helena, analfabeta e autodidata, foi casada três vezes e teve 11 filhos. Gravou quatro álbuns: "Helena Meirelles" (1994), "Flor de Guavira" (1996), "Raiz Pantaneira" (1997) e "De Volta ao Pantanal" (2003), a Dama da Viola morreu aos 81 anos em Campo Grande.
Por: Luquinhas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário